terça-feira, novembro 25, 2008

Jonas, a partir de mim!Caminhando paralelamente nossas ações com as de Jonas.


Vivemos uma era de grandes avanços. Avanço da tecnologia. O mundo dos ipods, mp4, iphones, das tvs digitais que nos anelam a rapidez do cotidiano, uma bagatela de eletrônicos que nos apressam para o mundo do agora, do já. O avanço da ciência, das imposições de querer nas fertilizações artificiais, que poderemos escolher o sexo de nossos futuros filhos, nas audaciosas e senão desafiadoras experiências de clonagem. O avanço da cultura, que possibilita a junção de um desejo não admitido, a união “homo”. Mas, disfarça-se em meio às leis. O avanço do agora, dos meus desejos que deverão ser alcançados, pois nutrirão a minha vaidade. Um carro, um par de tênis. O desejo de “ser” alguma coisa. Ter um diploma, o que já não é o suficiente. Ter uma especialização, que se tornou comum. Ter um mestrado, MBA, pós-doutorado. Esse novo curso de vida que nos aprisiona, num ser desenfreado, e quando os alcançamos, e aí qual será meu próximo passo? O avanço de um descompromisso com meu próximo, com meu cônjuge, com meus amigos, e porquê não dizer o descompromisso com meus filhos, já que muitas vezes, senão todas colocamos a nossa responsabilidade de pais em cima de seus professores. A vida perdeu seu sentido, porque o que me importa agora é encontrar o meu bem-estar. Perguntas como: Quem sou? De onde vim? Por que estou aqui? perderam todo o sentido. Pois, o agora, me condiciona a como melhorar minha, tão minha, exclusivamente minha, existência pessoal. A era do hedonismo. Perdeu-se o valor que tínhamos do homem com caráter, do homem com palavra, pois hoje tudo é vulnerável. “No âmbito evangélico, percebemos que os modelos de espiritualidade e de liderança ou são superficiais ou, se tem profundidade, nem por isso tem dado certo. E a ansiedade de construir em novo modelo tem nos levado à insegurança. Mas temos de compreender que toda mudança de paradigmas requer estabelecimento de parâmetros. E quais serão os parâmetros de referencias para nosso modelo de espiritualidade e de liderança cristã? Que seja a própria necessidade de relacionamento existente na estrutura humana. Temos de optar entre dois paradigmas: o que aponta para o modelo de mercado – neoliberal e globalização – ou o que aponta para o exemplo de Jesus – da aproximação, dos olhos nos olhos, da amizade desinteressada, de relacionamentos significativos, de uma percepção mais real do mundo, de nós mesmos e da nossa vocação”.
Em meio a todos esses argumentos, Deus levou-me a compartilhar acerca de Jonas, que tenho grande apreço e empatia. Vamos juntos?

1. Ponto:

Deus entregou em minhas mãos uma incumbência, uma tarefa a ser desenvolvida por mim, exclusivamente por mim (Jn 1:1,2).

“Veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.”

Jonas, filho de Amitai, recebeu uma missão do Senhor para ir à cidade de Nínive, capital do império assírio, ao Nordeste da Palestina. Recebeu a missão de abrir os olhos de Nínive, quanto às suas práticas, contra os seus pecados. Deus presenteou a Jonas a tarefa de ver uma cidade arrependida de seus pecados, mas para ele aquela missão não era agradável, não havia chegado ao seu coração. Era mais fácil para ele, tentar esconder-se do Senhor. Ingenuamente, desvencilhar-se dos desígnios que o Senhor, expressando caracteres tão seus, peculiares, de misericórdia e compaixão, com os quais dispusera à cidade de Nínive.
O que me leva a pensar, queridos, quantas vezes Deus, em muitas situações nossas de dificuldade, de desesperança, Ele nos tem indicado um caminho a seguir, uma maneira a ser feita, e nós na nossa particular e exclusiva vontade de mudar comissões, porque nós achamos que da nossa maneira será melhor, melhor até que a maneira que Deus nos dissera, agimos como nos convém. E em conseqüência dessa minha atitude, eu tenho colocado a vida de muitas pessoas em jogo. Assim como Jonas colocou a vida dos marinheiros. E você pode observar comigo, no versículo 4: “Mas o Senhor lançou sobre o mar um forte vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, e o navio estava a ponto de se despedaçar.”
Eu tenho escolhido, da minha maneira, não da maneira do Senhor, e até mesmo nem tenho chegado a ele e dito: - “Senhor, muda o meu coração. Não acredito que dessa forma, que o Senhor tem me dito, irá dar certo. Mas, muda essa forma de pensar e até mesmo muda esse sentimento do meu coração.”
E ainda tenho procurado sempre agir do meu jeito, pois assim é mais seguro. Fui eu. E assim, penso eu, que Jonas pensou. Fugiu para Társis, escondeu-se em um navio. Pagou, e acho até que não pagou barato! Foi esconder-se no porão, o lugar mais baixo, o mais profundo, sujo, escuro, e aquele lugar lhe daria conforto. Conforto de sentimento, pois assim que ele se via, no mais profundo, no mais sujo, no mais escuro abismo. Achando que Deus ali não poderia ir, e nem poderia entrar em seu profundo sono.Talvez seria o melhor lugar para esconder-se do Senhor. E foi tirar um cochilo - o sono da “descomunhão” divina. Talvez, para ele, dormir seria a melhor saída, pois assim agiu. E quantas vezes nós nos escondemos de Deus, procuramos dormir assim como Jonas, esconder-se em uma cidade qualquer, crendo que essa mudança me trará paz e assim Deus não me perturbará novamente com essa missão. Talvez Ele se esquecerá. E assim me deixará em paz. E em detrimento ao pensamento de meu admirável Jonas, o salmista Davi, no capítulo 139, versos 9 ao verso 13 “Se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá. Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas, não te serão escuras: as trevas e a luz são mesma coisa. Pois tu formaste o meu interior tu me teceste no seio da minha mãe.” Não existe lugar onde Deus não possa nos encontrar, pois Ele conhece o mais profundo, conhece o nosso coração.

2. Ponto:

Deus, em meio a minha desobediência de não fazer conforme a sua vontade, me oportuna uma nova chance (Jn 3:1-2).

“Veio a palavra do Senhor, SEGUNDA VEZ, a Jonas, dizendo: Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e proclama contra ela a mensagem que eu te digo. Levantou-se, pois, Jonas e foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor.”

Era preciso uma atitude para que todos aqueles acontecimentos parassem. É preciso que façamos algo, pois do contrário pereceremos. Assim os tripulantes do navio pensavam, pois ali tinham a certeza de que não haviam feito nada, para que sobreviesse aquele mal. E o mestre do navio encontrou Jonas escondido, mergulhado à sua desobediência, tentando escapar, se assim fosse possível, da missão que Deus havia lhe ordenado. Interpelou-o acerca daquela situação, pois eles sabiam que Jonas estava se escondendo da presença do Senhor. Clamaram ao Senhor e então resolveram jogá-lo no mar e imediatamente o mar cessou. Jonas foi tragado por um grande peixe, passando ali três dias e três noites, e só então, naquela situação Jonas orou ao Senhor. Imagine o que Jonas estava passando dentro daquele peixe? O mal cheiro do interior do peixe, a escuridão, os restos de comida, toda a sujeira interior? Jonas era bem narrativo quanto a sua ida à Nínive. Mas, em nenhum momento descreveu o tempo em que estava dentro do peixe. Devia ser algo muito difícil para ele como ser humano. E a única pessoa que Jonas pôde expressar toda a sensação, todo o sentimento que vivera dentro do peixe, em meio a toda angústia de não morrer, era apenas Deus. Jonas fugiu da presença de Deus e escondeu-se no mais profundo do navio, o porão. Mas, foi no mais profundo asco, dentro do peixe, que Jonas mergulhou na presença de Deus. Clamou Jonas a Deus e assim o Senhor falou ao peixe e este vomitou a Jonas na terra. Até mesmo para o peixe, toda a sensação de ânsia, desconforto estomacal, náuseas, era difícil. Naquele momento de súplica de Jonas, era preciso o reconhecimento de seu pecado, de sua desobediência. E assim, o Senhor mais uma vez (Acredito eu que o Senhor estava ansioso por aquele momento!) deu a Jonas uma segunda chance. A chance de ir a Nínive e adverti-la de suas atitudes erradas.
Deus está ao nosso lado sempre, mesmo que nós escolhamos a opção errada, e até mesmo, escolhamos a pior das opções, a que não é a sua, Ele está ansioso para nos tomar pelas mãos e nos dar uma nova oportunidade, mas para isso é preciso o nosso reconhecimento de pecado e o entendimento de quem é Deus. Eu não sei se todos, ou alguns, já pensou por um segundo a oportunidade de ser Deus. Talvez, pela minha justiça de homem, que em meio ao caos, gostaria de ser Deus e assim resolver uma situação, conforme a minha noção de justiça. Mas, se por um segundo você tivesse o olhar de Deus, ou o sentimento de Deus, isso mudaria eternamente a sua vida. Pois, assim, você passaria a ver com os olhos de Deus todo o pecado. Imagine como Deus ver uma prostituta que está nas ruas vendendo o corpo? Adolescentes se perdendo no mundo das drogas? Ou aquela pessoa aparentemente boa, religiosa, que ainda não encontrou verdadeiramente DEUS? Por um segundo, vários missionários tiveram essa percepção de Deus e estão aí em países fechados, entregues à causa de Deus. Minha cunhada tem 21 anos, e sempre em Deus procurou obedecê-lo. Hoje, está em Curitiba, na base da JOCUM em Uberaba, fazendo treinamento para viajar numa rota chamada JUSTIÇA, e viajar por algumas cidades da China, Laos, Minamar e outros. Por um segundo, ela viu como Deus ver o pecador e isso foi o suficiente para mudar radicalmente a sua vida. Os ninivitas se arrependeram de suas atitudes. E uma cidade foi salva, pelo intermédio e obediência de um, Jonas. Você vai escrever seu nome nesta lista também? Ou vai perder também a sua segunda chance?

3. Ponto:

Deus estende a sua misericórdia e compaixão a todas as suas criaturas (Jn 4:10,11)

Tornou o Senhor: Tens compaixão da planta que te não custou trabalho, a qual não fizeste crescer, que numa noite nasceu e uma noite pereceu; e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais?

Deus faz nascer uma planta para livrar Jonas de seu desconforto. Dar um pouco de paz a Jonas depois de seus esforços e também de sua decepção, pois Deus se arrependera do mal que faria a cidade de Nínive, pois eles se arrependeram.
Deus manda um verme, que feri a planta até secá-la por completo e manda um vento calmoso oriental. O sol bate a cabeça de Jonas, de maneira que o desfalece e Jonas para si pede a morte. Descontente pelo que Deus havia lhe feito, tirando aquela árvore, Jonas prefere a morte. O “macho” mimado, como se fala aqui no Ceará. Egoísta, querendo que tudo se volte para si. Deus o pede para ir a Nínive, em primeira comissão, e prefere ir para outro lugar, achando que assim poderia fugir da presença de Deus, que Deus poderia deixá-lo em paz. E tudo aquilo acontece, alvoroço no mar, ventos fortes, Jonas é arremessado no mar e engolido por um peixe enorme e só ali, naquela situação asquerosa reconhece que agiu errado e assim redime-se com Deus. É dado a ele uma nova oportunidade de ir a Nínive e abrir-lhe os olhos, e assim o fez, mesmo entristecendo-se depois, pois desde então sabia que Nínive se arrependeria e Deus não mais lhe enviaria o mal. E nós sabemos que Deus em nenhum momento precisa de nós, mas a sua compaixão e misericórdia são tremendas que ele tem o prazer e a alegria de nos fazer participantes, dando-nos o privilégio de falar a partir da mudança em nós, do seu amor. Deus poderia ter alcançado Nínive sem a participação de Jonas. É óbvio! Mas, para Deus alcançar Nínive teria um sentido melhor se houvesse a intermediação daquele profeta, mesmo pecador, nutrido pelo egoísmo, restrito, falho, etc. Jonas tanto foi o missionário, quanto o alvo da missão. Durante esse tempo que fora comissionado, ele viu a misericórdia e compaixão de Deus para com Nínive, mas não conseguia enxergar que Deus também tinha misericórdia e compaixão dele. Engraçado que Jonas mesmo vivenciado várias situações da misericórdia de Deus, Jonas não conseguia mensurar que para Deus ainda era possível enviar-lhe algo que pudesse trazer-lhe novamente conforto, mas preferiu murmurar. Dar grande valor a uma planta, para seu próprio “frisson”, que nem foi fruto de seu trabalho, ao invés de valorizar as cento vinte mil ninivitas que o próprio Deus criara e conhecia. Não sabemos se Jonas teve alguma outra missão, mas sabemos que Jonas a partir de então passara a se questionar acerca da misericórdia e compaixão de Deus e também sua, pois a frase que encerra o livro de Jonas deve ter ecoado em sua mente, durante anos. Toda vez, que se via murmurando, egoísta ou desobediente essa pergunta “Eu não hei de ter compaixão?” ecoava em sua mente e impulsionava a cumprir a vontade de Deus.
Deus entregou em nossas mãos uma incumbência. Talvez, eu não a tenha cumprido, ou até mesmo agido como Jonas agiu. Preferi esconder-me em meio aos meus pensamentos, por em risco a vida de alguém, pois somente eu e Deus sabemos. Mas, hoje Deus quer lhe dar uma nova chance. A chance de se redimir e fazer conforme a sua vontade, a vontade Deus. Jonas teve a missão de abrir os olhos de Nínive. Eu não sei para que Deus tem lhe chamado, mas sei que Deus tem lhe chamado para uma vida de compromisso com Ele, de intimidade. A você se olhar, e ver que tem muito a mudar, a se arrepender, e hoje Ele que te dar a segunda chance. Como no final do livro, Jonas foi o alvo da missão de Deus, de mostrar-lhe a sua misericórdia e compaixão. Você hoje está disposto a sentir a compaixão de Deus e cumprir essa segunda chance?

Por Eládio Batista

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