sexta-feira, março 06, 2009

À Betesda Serviluz - Culto de Ceia do Senhor

Graça e Paz aos amados.
Boa Noite, meus queridos!
Linda noite esta. Noite de festa, alegria, rememorações, Noite de Ceia, da Ceia do Senhor!
Ontem, estivemos aqui na nossa primeira reunião de liderança da Igreja Betesda Serviluz, na casa da irmã Maria de Jesus, que gentilmente nos acolhera, nos recebera com tão cuidado, empenho, como uma anfitriã mesmo, e mais uma vez quero expressar o nosso agradecimento, de toda a liderança dessa igreja, a você minha querida.
É interessante que cada vez mais chegamos à certeza de que não conseguiremos chegar a algum lugar se nós não tivermos apoio, ajuda, companheirismo e mais ainda, comunhão.
Não se estrutura uma igreja se não nos empenharmos, cada um de nós, escolhendo estarmos aqui.
Nós, o amor e eu, não conseguiremos galgar aquilo que temos entendido e fomos incumbidos de realizar neste tempo como pastores desta igreja. Evidente que cada um de nós tem uma função específica, mas todas importantes diante do nosso foco maior, pregar o Evangelho de Jesus a toda criatura, alicerçado pelo seu maior mandamento, “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.
Se nos atermos em toda a Palavra de Deus, nosso “manual de conduta”, como tenho falado neste púlpito a todos vocês, percebemos o quão é tratado em seu todo, o respeito, o carinho, a insistência, o companheirismo, o amor para com o meu próximo, enfim, comunhão, “koinonia”.
É preciso aceitarmos os outros como eles são. Entender que todos nós somos falíveis e o diferencial será a minha atitude a partir de então. Esboçando o termo “koinonia” a partir do Novo Evangelho podemos ver em alguns exemplos como:
Em Atos 2.42 e 2 Coríntios 6.4, koinonia significa "um compartilhar de amizade" e uma permanência no convívio com os outros. Essa amizade baseia-se na mutualidade do cristianismo e somente aqueles que são verdadeiramente amigos de Cristo, que descobriram a fraternidade com o Mestre, podem ser amigos sinceros de seus irmãos (1 João 1.3).
Em Romanos 15.26, 2 Coríntios 8.4; 9.13 e em Hebreus 13.16 koinonia significa uma "divisão prática" com os menos favorecidos economicamente. Comunhão tem que ser algo prático. Isso se verifica na aplicação do termo por parte do apóstolo Paulo, quando fala da coleta de ofertas para sustento da obra e auxílio aos pobres e necessitados. Crentes que retêm suas mãos nos dízimos e nas ofertas, bem como na ação social ou em qualquer solicitação para o sustento da obra e para as manifestações práticas da comunhão cristã, ainda não desenvolveram verdadeira comunhão com Cristo.
Em Filipenses 1.5 koinonia é "cooperação na obra de Cristo". Paulo agradece a Deus pela comunhão daqueles irmãos expressa na unidade em torno do Evangelho que é a única vertente dentre as filosofias de vida que capacita o homem a sublimar as diferenças e as divergências ideológica, culturais, existenciais, fisiológicas e sociológicas.
Em Efésios 3.9 koinonia é "vida na fé". O cristão não é uma unidade isolada. É membro de um convívio de fé, de um conjunto de fiéis que abdicam seus individualismos antropocêntricos e egocêntricos para que possamos partilhar de um mesmo ideal de fé, sem que percamos a individuação existencial.
Em 2 Coríntios 13.13 e em Filipenses 2.1 koinonia é "comunhão no Espírito". O cristão deve viver na presença, no convívio, pelo auxilio e sob a direção do Espírito Santo que habita em nós e que é o poder de Deus interagindo sinergicamente em todas as áreas da nossa vida. Viver em comunhão é viver no Espírito.
Em l Coríntios 1.9 e 10.16 koinonia é interação plena e perfeita com Cristo. A nossa comunhão com Cristo deve ser aperfeiçoada no memorial da ceia, quando participamos do sofrimento de Cristo, em um encontro objetivo com o Senhor e com os nossos irmãos, na cruz do Calvário, Filipenses 3.10. Na ceia, devemos sofrer a cruz e juntos, em comunhão com os irmãos e com Cristo, certos de que ressuscitaremos para o partilhar da vida na fé e na vida de fé.
Em 1 João 1.3 e 6 koinonia é comunhão com o próprio Deus. Há uma exigência de comprometimento ético e de qualidade de vida moral, visto que somente os que estão na luz, isto é, aqueles que não têm obscuridades na vida ou obscurantismos existenciais, podem partilhar a natureza de Deus e a vida, a existência, com os irmãos, verso 7, na Igreja de Jesus Cristo.
Somos uma igreja e como tal necessitamos viver em harmonia e amor. Preocupando-nos com o nosso próximo. Sabendo que estamos nesse barco juntos, galgando a cada dia uma etapa, um passo, um êxito. Hoje pela manhã, houve a ceia na Igreja Betesda Sede, com a presença de todos os pastores e dirigentes das igrejas. Direcionados pelo nosso presidente, Pr. Domingos e a Pra. Doralice Alves. Quão grandioso é sentirmo-nos irmanados. A importância com a qual deveremos encarar o nosso sentimento de amor para com o nosso irmão. Cada um é importante nessa nossa convergência em Cristo Jesus.
Hoje, poderia eu pregar acerca de várias outras passagens na Bíblia, porque ela é rica, viva e possui uma densidade incomum se comparado a um livro. Mas, decerto que não vou limitá-la porque ela vai além de uma definição de um livro apenas. Quero falar-lhes de alguém, mui especial e peço-lhes que me acompanhe em Mateus, capítulo 4:18-22, que diz:
18 Andando Jesus junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.
19 Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
20 Imediatamente eles deixaram as redes, e o seguiram.
21 Indo um pouco mais longe, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Estavam num barco em companhia de seu pai Zebedeu, consertando as redes. Jesus os chamou,
22 e eles, deixando o barco e seu pai, imediatamente o seguiram.
Queridos, quando olho para essa passagem, quando olho para Jesus, eu tento alcançar parte do que ele viveu em seu tempo. Tento eu, pelo menos, compreender a mente desse homem que via além do que nós vemos. Na sua singeleza, porque era homem, de carne e ossos, na sua condição humana.
Vendo aqueles dois irmãos ali, pobres pescadores, mas certo que eles poderiam dar continuidade à pregação do Evangelho, Simão Pedro e André.
Ele consegue extrair da simplicidade algo possível, porque não se condicionaliza a nada. Não se prende aos meios sociais, vai além de castas, como creem os indianos. Não limita você ao que você acha, ao que você aparentemente acredita ser, mas vê em você alguém possível.
E ele convida você, queridos, a segui-lo, a deixar as suas redes, e ir após ele. Deixar nossas redes, que muitas vezes são jogadas e prezas à uma idéia errada do que seja segui-lo.
Muitas vezes não conseguimos entender o tempo em que vivemos, a graça manifesta do Pai, pelo amor e nos acorrentamos à uma religiosidade, que nada mais é que um sistema escravocrata escolhido por nós mesmos. Uma idéia distorcida, da realidade com o Pai a partir do filho. E Jesus, acredita em mim, acredita em você, acredita em Tiago e João, que o seguiram logo após, confirmando o convite de Jesus.
As responsabilidades aqui não se limitam simplesmente a nós pastores desta igreja, nem tão somente aos presbíteros, Mônica e Raimundo, muito menos aos diáconos e aos líderes de ministério. A igreja é cada um de nós, e como tais, precisamos uns dos outros. O cristianismo se baseia simplesmente no amor, a Deus e ao meu irmão como assim eu queira ser amado.
Todos nós cristãos devemos ter em mente: o nosso cristianismo ganha maior significado quando carregamos conosco o desejo constante de conduzir outros a Cristo. Compartilhar a mensagem do evangelho é amar ao próximo como a si mesmo, da liberdade que há em Jesus de Nazaré. O Pr.. Ricardo falou algo que me faz refletir sobre a igreja do Senhor, o imperativo do Ide, a necessidade de amar.
“Deus nos concedeu vida e com ela uma dádiva extraordinária; liberdade. Os filhos de Deus foram chamados para cumprir o propósito da criação alcançando uma independência semelhante à Jesus Cristo. Ele usou sua liberdade para fazer o bem, submetendo-se voluntariamente a Deus. Caminhar livre é caminhar responsável, rechaçar a condição de subserviente; e não se deixar conduzir com coleiras. Somente os livres reconhecem sua dignidade humana, criada à imagem de Deus e, sem servilismo, não baixam a cabeça para os opressores.”
Quem ama não cobra explicações, nunca esconde segundas intenções e jamais tolera astúcias.
Como diz o poeta, José Gilardo:
O amigo conhece Deus?
Conhece mas só de nome
Pois saiba que Deus é Homem;
Jesus o Rei dos judeus
Morto pelos fariseus
Mostrou-se fisicamente
Que homem como a gente
Guarde na sua lembrança
Que é a imagem e semelhança
De Deus, o onipotente...
O caráter de quem ama
É o de fazer o bem
Fazer algo por alguém
Não ofender à quem reclama
Não se envaidecer com fama
E estar pronto a perdoar
Bem como a de se humilhar
Quem ama não é maldoso
Também não é invejoso
Isto sim, é que é amar...
A ceia do Senhor nos remete a esse cristianismo autêntico, relembrar o sacrifício amoroso de Jesus a sua ressurreição e a certeza de sua volta.
Esse é o momento oportuno de unirmos uns aos outros, de celebrar a possibilidade da união, o quebrar das indiferenças, o entrelaçamento dos nossos corações. Esse é o momento mais Cristocêntrico, onde esqueço minhas diferenças teológicas, minhas diferenças sociais, minhas diferenças culturais, e etc., e me uno ao amor salvatório de Jesus. Quero Pai que eles sejam um, assim como eu e você somos. É nesse momento que a oração de Jesus é respondida.
Que Deus nos abençoe.