quinta-feira, agosto 13, 2009

Meus Filhos

Estava cantando e tocando violão com meus filhos e lembrei de uma musiquinha que fiz para eles quando começaram a saborear novos alimentos.

Eu como, como, como, como,
Como, como, como,
Pra ficar grandão
Pra ficar lindão.

Eu como,
Arroz, salada e feijão
Vê se não esquece,
A carne e o macarrão

Frutas, sucos, leite e muito pão
Mamãe nunca esquece
Amor de montão.

Karynne Batista

Casar



Casamento


Senti-me desafiado a escrever acerca de casamento, por este momento especial de suas vidas.

Não em função da mesmice de sempre, que geralmente ouvimos dizer, mas em sua realidade, porque o casamento é real, vivo.

Sou contrário ao que se fala de “felizes para sempre”, porque não vivemos em contos de fada, as circunstâncias inesperadas virão, elas existem.

Mas, sou partidário e acredito que casar-se é fazer o outro feliz em reciprocidade, empenho, escolha mútua e consciência.

Não existe um segredo.

Não existe uma fórmula, e muito menos equações matemáticas.

Existem duas pessoas que escolhem viver juntas, em unidade e amor, em respeito e fidelidade.

Dar as mãos para segurar.

Dar os ombros para apoiar, para encostar-se ao pé do ouvido.

Dar a companhia para sentir-se forte e aquecido.

Compartilhar as escovas de dente.

Fazer comida para dois.

Obstáculos virão, graças a Deus, porque assim a vida os proporcionará o conhecimento mútuo, e mesmo assim não será o suficiente para se conhecerem.

Porque o conhecer é gradativo, diário e nos permite entender a magnitude da vida, e os porquês de nós mesmos.

Sentir-se forte ao sentir alguém por perto, palpável, real.

E mesmo aos mais difíceis defeitos, escolhe permanecer junto e contribuir para uma nova possibilidade de mudar.

Casamento é riso, regado a lágrimas de alegria.

É viver na inquietude de proporcionar o melhor a cada momento.

É como descer ladeira abaixo quando nos vemos e os abalos dos nossos corpos começam a tremer.

É reconhecer no outro fortaleza naqueles momentos em que pensamos não ter forças, recorremos ao Paizinho e ao nosso lado sentimos o tempo unir-se a nós.

É encontrar no outro a nossa manha, jeito e semelhança.

É copiar os trejeitos e jeitos do dia-a-dia.

É na avalanche contribuir para a mansidão.

E quando se está só, sentir que falta um pedaço de mim.

É trilhar na conquista dessa vida, não se preparando para o amanhã, mas viver o hoje em boa companhia tomando um café.

É vencer o ócio, o não fazer e encontrar você.

Casar, acasalar, nascer do ventre os presentes que serão a materialização do amor que os uniu.

Vencer a vida na mais singela e difícil oportunidade.

E não deixar que o dia-a-dia vença e faça achar que se estava em contos de fada.

Porque a vida passa mesmo em dias lentos.

E o amor? O amor é abstenção diária e recíproca.

Casem-se e encontrem-se os sóis de cada amanhecer, mas não se esqueçam do conhecer de cada instante.

Amem-se, desejem-se e vislumbrem-se a maravilha da vida quando se está juntinho.


Eládio Batista

Esse é um texto para homenagear o mais novo casal de nossa igreja: Maelson e Val.

terça-feira, agosto 11, 2009

O Paradoxo da Grandeza

Fernando Pessoa no seu inesquecível “Poema em Linha Reta” confessa estar cansado de semideuses, porque não encontrou alguém grande o suficiente para, com dignidade, assumir-se humano e por isso mesmo sempre contraditório, muitas vezes fraco e outras tantas, vil. O caso é que todos gastamos a vida buscando grandeza. Jamais admitimos que somos um paradoxo, mortais e imortais ao mesmo tempo, santos e ao mesmo tempo pecadores. Luzes que muitas vezes enchemos a sala com nossas sombras. Tão magníficos e tão pequenos.
Paradoxalmente, o único ser realmente grande fez-se humilde e viveu por trinta e três anos em um dos lugares mais pobres de sua região. Mesmo sendo o Criador, uma vez humanizado, aprendeu o ofício de carpinteiro para se sustentar. Mesmo sendo adorado por anjos, recebeu humilde o escárniodos homens e jamais se defendeu - ainda que tivesse todo o potencial destrutivo em suas mãos.
Ele é onipotente, mas não tem a empáfia do poder, que leva à prepotência.
Sua onipotência - o poder máximo que se pode imaginar - levou-O a ter misericórdia dos impotentes. Sua perfeição tão somente O aproximou dos imperfeitos. Sua santidade O apaixonou pelos pecadores. Sua grandeza encheu seu coração de compaixão pelos pequeninos. Sua justiça O encheu de misericórdia pelos injustiçados. Eis a verdadeira grandeza. Aliás, o poder ganha um sentido maior e mais bonito quando, capazes de destruir, dominar, aniquilar, escolhemos restaurar, construir, abrir mão, simplesmente, por amor.
Esse é Deus e assim deveríamos ser, uma vez que somos sua imagem. Todavia, nossa busca pessoal pela grandeza afasta-nos definitivamente dela.
Faço coro com o questionamento do Poeta em sua “Teologia em linha reta”
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
O grande torna-se ainda maior quando se apequena por amor aos humildes. O pequeno, torna-se insignificante quando arroga-se da grandeza que não tem.

Pr. Domingos Rodrigues Alves
Igreja Betesda Aldeota