sexta-feira, junho 13, 2008

“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez” Jean Cocteau


Esse é um texto do informativo dominical da Betesda Abolição em Fortaleza, escrito por uma amiga muito querida.
Delicie com uma boa leitura.

“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”
Jean Cocteau

Cada um escolhe o seu caminho., alguns vão descobrindo que existir pode ser perigoso e cansativo então passam a olhar com suspeita as alegrias e belezas na estrada.
Outros são acolhidos a não ir muito longe porque a vida reserva surpresas inimagináveis, aprendem a não se arriscar, preferem ficar seguros em seus castelos de sonhos.
Há uns cuja percepção ficou embotada pelos desencantos nas primeiras viagens, esses se deixam amargar e costumam culpar Deus e os outros por suas desilusões.
Mas existem os que mesmo tendo experimentado confusões, desapontamentos e traições ousam sair por aí pra conhecer velhas estradas, e dar-lhes novos sentidos e viver de fato com toda intensidade que for possível.
Não são pessoas com uma imunidade especial, vez por outra passam maus pedaços, mas não sucumbem. Isso enriquece a trama. Se arrepiam ao contar. Também experimentaram os frutos amargos da dificuldade, em certas ocasiões deixam escapar histórias que fazem brotar lágrimas dos olhos mais áridos.
Conheceram o rosto da indiferença naqueles que poderiam fazer a diferença.
Aprenderam que os amigos são a família que escolhemos e que ao invés de ficar catalogando as tragédias já vividas, resignificam os sentimentos e contam os dias com coração sábio. Esses são admiráveis porque não legitimam suas fraquezas com um discurso que projeta nos outros a culpa.
Eles são entusiasmados, contagiam a nossa vida com a vontade de viver deles. Não desistam de um plano porque parece difícil. São determinados e possuem estratégias. Mas não se tornam inflexíveis, pois precisam de todas as articulações, tanto físicas quanto mentais e emocionais pra poder romper os desafios.
Prestam muita atenção no todo, mas observam formigas trabalhadeiras, mulheres cozinheiras, homens na ribeira, crianças na cumeeira, são poetas da vida. Fazem sua rimas e arquivam imagens no coração, fazem um montão de resenhas pra presentear outros irmãos com suas conclusões.
Saem tão despojados que cativam pela simplicidade. Não os subestimem, eles são grandes, é que não precisam provar pra ninguém. Não carregam grandes mochilas, levam consigo a dignidade da responsabilidade de viver a liberdade. Isso é o essencial. O resto eles encontram pelo caminho: generosidade, gratidão, empatia, tudo em forma de gente, gente que expressa amor através de ações. Amor que age. Que dá comida ao faminto, água ao sedento, cobertor na noite fria, toalhas limpas e sabonete. E o mais importante: a riqueza da amizade que fica. Vai embora, mas deixa a lembrança recheada de histórias e uma sensação curiosa de que já somos amigos há um tempão.
Jesus se revela nesses e é melhor dar-lhes atenção. Pois isso fará toda a diferença quanto formos acertar as contas com o Altíssimo.

Elem Rosa Marques Vieira