quarta-feira, abril 28, 2010

A Dracma Perdida

Texto-base: Lucas 15:8-10

Em Lucas 15, encontramos um conjunto de parábolas semelhantes, que tratam do mesmo assunto: de coisas que perdemos e da busca que precisamos empreender para encontrá-las.

Podemos chamá-las de parábolas irmãs:

- a parábola da ovelha perdida;

- da dracma perdida;

- e do filho perdido;

Em todas elas, ao final, quando aquilo que era objeto da procura diligente dos envolvidos é encontrado, tem-se um motivo de alegria para os outros (os outros são convidados para se alegrar).

Em outras palavras, aquilo que Deus realiza em nós, aquilo que nos é restituído acaba por beneficiar, principalmente, os outros. Com a parábola da dracma perdida, a Palavra de Deus nos ensina que começamos a perder o noivo (Jesus) dentro de nossa casa. E o que nos faz perdê-lo não são grandes coisas, mas uma soma de pequenas coisas, e tudo isso dentro de casa. Nos dias em que esta história foi contada, havia um costume que funcionava como uma aliança entre os noivos. O noivo dava de presente um colar contendo dez dracmas para a noiva, o que atestava para a sociedade de então que aquela mulher, que deixava à mostra o colar quando transitava pelas ruas, estava comprometida com alguém, havia feito uma aliança com uma pessoa que seria seu futuro marido.

Em Apocalipse 19:7 diz:

“Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou”.

A noiva, enquanto espera o noivo, vai se ataviando, vai se preparando, vai se adornando para encontrar-se com ele. O versículo 8 diz que esses atavios, esses enfeites são os atos de justiça dos santos.

É exatamente o que vemos na parábola da dracma. É o próprio noivo quem se ocupa de ataviar a noiva. Se ela não está ataviada (com o colar) não pode se apresentar diante dele. Seria uma vergonha para a noiva sair nas ruas sem o colar com as dracmas, pois estaria sem o adorno que a faria reconhecida como noiva daquele com quem estava desposada. Ela seria repudiada pelo noivo. Ela precisa estar adornada para ele, vestida com a justiça que ele mesmo preparou para ela.

No entanto, existe um detalhe maior, observamos na parábola que a dracma não foi perdida na rua, mas em casa.

E o que isso vem a significar para nós? E o que isso vem nos dizer de tão importante? Que isso tem de diferencial nesta parábola?

Isso significa que deixamos de estar preparados para o noivo quando começamos a perder nosso enfeite dentro de casa. A mulher perdeu uma única dracma do colar que continha 10, no entanto era o que bastava para ela não sair às ruas, já que o colar estaria incompleto.

Nós poderíamos listar muitas coisas que temos perdido em casa: o respeito do marido pela esposa (e vice-versa), o carinho de um para com o outro; a falta de tempo de qualidade dedicado aos filhos; a falta de um altar de oração contínuo ao Senhor; a falta de ensino sistemático da Palavra de Deus aos filhos; a falta do sacerdócio do marido; a falta de sabedoria da esposa na edificação das coisas práticas do lar; o fato de os filhos deixarem de honrar os pais.

Enfim, são muitas coisas. Coisas estas que perderam o valor nos tempos de hoje, e muitas vezes nos perguntamos e questionamos: Por que Senhor isso aconteceu comigo? Fui sempre perfeito aos seus olhos? Sempre fui o melhor em casa, obedeci aos meus pais, etc? Mas, deixamos de fazer alguns detalhes. E isso é extremamente importante nas nossas vidas. Detalhes tão pequenos de nós dois.

Cada um de nós precisa identificar as dracmas que perdeu. Todas essas coisas e muitas outras contribuem para que o nosso enfeite, o nosso adorno para o noivo esteja comprometido. O noivo não nos receberá sem essas coisas.

O que precisamos fazer diante desse quadro? A parábola nos ensina: devemos acender a candeia, varrer a casa e sair à procura da dracma de maneira diligente (até encontrá-la). Precisamos esquadrinhar tudo, olhar em todos os cantos, iniciar um exame minucioso, vasculhar com apetite, e não descansar antes de termos de volta as dracmas que se perderam.

É interessante que, para uma família pobre como a da parábola, que, de dia, precisava acender uma candeia dentro de casa (o que atestava a simplicidade da residência que não possuía janelas), o próprio fato de acender a candeia (o consumo de azeite) já seria um gasto maior do que o da própria dracma (esta moeda grega equivalia ao denário romano, o salário correspondente ao pagamento de um dia de trabalho de um trabalhador médio).

Com essa providência, Deus nos convida a acender uma candeia dentro de casa, mesmo que o preço seja elevado. Afinal, o que está em vista é achar pequenas coisas que nos habilitem novamente a estarmos adornados, prontos para o noivo. E, como já dissemos, trata-se de pequenas coisas. Precisamos começar a acender uma candeia dentro de casa e a procurar diligentemente o que perdemos. Precisamos fazer vários resgates, do contrário continuaremos impedidos de nos relacionar intensamente com o noivo. É importante estar ciente de que a busca é diligente. Consumirá nossas forças, nosso tempo, nossa paciência. Não podemos desistir depois de uma leve “varrida”. Precisamos ir fundo. Dia a dia precisamos ir acendendo as candeias, até que elas se tornem um grande luzeiro e iluminem de maneira intensa os nossos lares e consigamos achar as dracmas que se haviam perdido. Isso leva tempo, mas os frutos são maravilhosos.

Depois de muito procurar, a noiva da parábola reúne as amigas e vizinhas para que se alegrem com ela. Outra vez a vemos despendendo recursos para comemorar que seguramente ultrapassavam o valor da dracma. Há um significado profundo aqui: quando achamos a dracma perdida, quando nosso lar está habilitado para o encontro com o noivo, e está perfeitamente gozando de intimidade e relacionamento intenso com ele, nossos vizinhos, amigos e conhecidos são os maiores beneficiados. O ajuste de nosso lar, o conserto de nossa casa, a arrumação de nossa família vai fazer com que outros se alegrem. Meu reencontro com o noivo beneficiará outros. Outros poderão se beneficiar da candeia que acendi em minha casa. Acendamos, portanto, a candeia! E mãos à obra: chegou a hora de procurar as dracmas!

Eládio Batista